Almoço Comunitário

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Felicidade: é o que acontece quando compartilhamos nossas vidas.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Sermão Próprio 26 - 30/10/2011

Próprio 26 - Ano A
Mq 3:5-12; Sl 43; I Ts 2:9-13; Mt 23:1-12
"Entre vocês o mais importante deve ser aquele que serve".
O Evangelho de São Mateus relata uma polêmica muito forte entre Jesus e os fariseus. Jesus alerta seus discípulos e as pessoas que se interessam em ouvir a sua palavra, para que não tenham como modelo os dirigentes religiosos dos judeus "porque eles não fazem o que ensinam". Ou seja, para ser modelo tem que ser coerente. Jesus é exemplo disso: o sentido da sua vida é cumprir em tudo a vontade do Pai. Por isso somente ele, é o único que deve ser reconhecido e seguido. Por isso recomenda: "Entre vocês o mais importante é aquele que serve".
Aquele a que tem uma função ou uma responsabilidade maior, tem de fazê-la com humildade, não se considerando o centro ou a pessoa mais importante em relação às outras pessoas, mas quem, com a palavra, com atitude e com coerência lembra quem é o único Mestre e o único Pai, consegue apontar o caminho certo que é seguir Jesus.
Ser grande é servir, é ajudar, é ser solidário. Nós, cristãos, só somos grandes quando servindo. Se Jesus ensina isto, não é para nos colocarmos acima dos outros, mas para sermos ajudadores. Dessa forma é que Ele governa, não tendo honras e privilégios, mas sendo solidário e servindo.
Na primeira carta aos Tessalonicenses, São Paulo confessa que exerce o apostolado com amor e dedicação. Não pretende ser um mestre que ensina autoritariamente, mas transmite o Evangelho dando-se ele mesmo sem fugir dos "trabalhos e fadigas", ou seja, ele ensina que Evangelizar não é impor cargas pesadas sobre o "ombro dos outros" mas dar-nos a nós mesmos. Somente se anuncia Jesus, com nossa vivência, com coerência e alegria. Mais eficaz do que qualquer técnica evangelizadora é o testemunho de nossas vidas e a Palavra assim transmitida, com amor e humildade, será recebida como diz o texto bíblico "não a aceitaram como uma mensagem de homens, mas como a mensagem de Deus, o que de fato ela é. Porque Deus está trabalhando entre vocês, os que crêem" (1ª Ts 2.13).
O Evangelho só pode ser transmitido e anunciado com amor, através da nossa entrega e do nosso serviço humilde. Deus não quer que sejamos apenas suas testemunhas oculares, mas também quer que sejamos servidores Seu, aqueles que escutam e assumem a Sua Palavra.
O que Jesus está nos dizendo é que o cristão não pode ser incoerente como eram os fariseus e doutores da lei.
Neste caso a incoerência é como uma nuvem que encobre o sol. O Espírito Santo não brilha na vida de quem é incoerente. A incoerência anda de mãos dadas com a falsidade e o seu fruto é a injustiça, o desamor, a intriga, a desunião, a desagregação, a destruição.
Jesus não foi incoerente e nem aceitou o jogo da falsidade. Sempre agiu com autenticidade, firmeza, coragem, honestidade, pureza e determinação. Seguir Jesus é ser coerente como o Evangelho em qualquer circunstância.
Certo dia, três mulheres foram até um poço buscar água. Ali, junto ao poço, um velhinho escutava o que as mulheres conversavam. Uma delas disse: "Meu filho é o mais ágil e rápido de todos os alunos na escola. Com toda a certeza, ele será um grande atleta e desportista. Vai ganhar muitas medalhas no Pan. Vai ficar rico com o esporte."
Aí outra disse: "Meu filho tem a voz mais melodiosa. Na certa será um grande cantor. Vai gravar muitos DVDs. Ele também vai ganhar muito dinheiro e vai ficar rico."
E, por último, disse bem baixinho a terceira mulher: "Meu filho, ele não faz nada de especial."
Depois desta conversa, as três mulheres pegaram cada uma os seus pesados baldes para voltarem para casa. Neste instante, vieram correndo ao seu encontro os três filhos. O primeiro fazia piruetas, uma atrás da outra. O segundo cantava como um sabiá. Mas o terceiro, pegou o balde de sua mãe e o levou para casa. Foi aí que a primeira viu o velhinho e lhe perguntou, esperando um elogio: "O que o senhor achou dos nossos filhos?" E o velhinho, admirado, respondeu: "Seus filhos? Eu só vi um filho! Foi aquele que pegou balde pesado de sua mãe e o levou para casa."
Jesus Cristo, o Filho de Deus, nos deixou ensinamentos e também os praticou. Ele sempre estava lá onde as pessoas precisavam de auxílio, de orientação, de ajuda para levarem seus baldes. Ele se alegrava em poder ajudar, e as pessoas que eram ajudadas também se alegravam com a sua ajuda. Jesus espera de nós, que não apenas saibamos o que fazer, mas que o façamos, que ajudemos a quem precisa. Existem tantas pessoas, hoje, esperando por um gesto de amor, de aceitação, de compreensão, de alguém que as ajude a carregar o seu balde pesado ou o balde de preocupação, doença, pobreza ou de depressão. Fazer piruetas de fé é importante, cantar louvores como um passarinho é lindo, ajuda muito, mas ajudar a quem necessita de ajuda, esta é a nossa tarefa.
Que Deus nos abençoe para que sejamos coerentes com a nossa fé dando testemunho e servindo com amor e humildade. Amém.

sábado, 15 de outubro de 2011

Sermão Domingo 16/10/2011

Próprio 24 - Ano A
Is 45.1-7; Sl 96.1-9; 1ª Ts 1.1-10; Mt 22.15-22
A Igreja Anglicana, em nível mundial e diocesano, continua vivendo um importante e decisivo momento. Deus tenta nos sintonizar com o lugar em que nós devemos atuar, ou seja, como agir atualmente e como atrair mais pessoas para dentro da Igreja.
Precisamos perceber que a Palavra de Deus ilumina todas as dimensões da nossa vida e a dimensão social e política estão incluídas. Quando digo "política", não falo da política partidária ou como busca do poder, ou como malandragem, mas como cultivo das nossas relações como pessoas, isto é, como promoção do bem comum individual e de cada membro de cada família como parte de um grupo. O cristão não pode afirmar que, quando vai à Igreja, vai para desligar-se das realidades do mundo real para só pensar no religioso, pois tanto sua participação no culto como toda a sua ação vivida como parte do povo deverá estar cheia da dimensão religiosa e conseqüentemente a sua participação no culto deve estar cheia da sua vida no mundo. Em tudo, somos chamados a promover o Reino de Deus, a viver Cristo em nossas vidas e manifestá-lo em qualquer situação.
O Evangelho deste Domingo mostra Jesus no confronto com os fariseus, procurando pô-lo à prova. Qual a sua opinião: Devemos pagar imposto a Cezar? Dar-lhes uma resposta sábia sobre esta questão do imposto a pagar a César: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".
O que era de César? A moeda é símbolo do poder econômico do Império Romano, do mundo. Quem quer negociar no mundo tem que alimentar o poder mundano. Mas podemos perceber que todo o peso da resposta recai sobre a última parte da frase: “Daí a Deus o que é de Deus”.
E o que é de Deus?
Nós somos imagem e semelhança de Deus porque temos vida que pertence a Deus e não a nós. Não temos a vida mas estamos na vida pela Graça de Deus. Somos mortais, formados da terra, e para a terra haveremos de retornar. A terra é um corpo celestial, parte do Universo criado por Deus e fomos criados com partículas de parte da criação, por isso Deus disse: “Tu és pó, e ao pó voltarás”. Todos descemos ao pó, nosso corpo, nossa mente, nossa vida pertence a Deus que permite que esse milagre aconteça. Por isso somos criaturas de Deus. Portanto temos que nos entregar inteiramente ao nosso criador e mantenedor, Deus, estarmos inteiramente a serviço de Dele. Ter uma fé ativa, um viver capaz de sacrifícios e uma firme esperança em Jesus Cristo seguindo o exemplo da comunidade de Tessalônica. Eles se converteram completamente a Deus. Voltaram-se para Deus com o objetivo de servir ao Deus vivo e verdadeiro e através do testemunho deles a fé que eles tinham em Deus se espalhou por toda a parte.
O discípulo de Cristo não pode fazer uma separação entre a dimensão religiosa de sua vida e a dimensão civil ou política. Todas as realidades deste mundo devem conduzir a Deus. Nós, cristãos, não podemos sair do mundo e retirar o mundo da dimensão Divina, mas, como fermento, somos chamado a transformar este mundo.
A criação de Deus não depende de nós. Mas é importante vivermos também através da promoção da família não apenas de sangue, mas também a família da fé. O importante é honrar a Deus na igreja através do nosso culto de louvor e na nossa existência, como membros ativos de uma sociedade. Tudo deve estar a serviço de Deus. Mesmo os poderes deste mundo devem estar a serviço do Reino de Deus na nossa concepção de mundo.
Cada pessoa é chamada a construir uma sociedade mais justa e fraterna, cada qual na sua condição, com seus dons, trazendo suas experiências para a família de fé onde celebramos vitórias iluminados e fortalecidos pela Palavra de Deus amparados pelos Sacramentos.
A mensagem do Evangelho de hoje deve tocar no fundo do nosso coração, deve sacudir nosso viver iluminados pela Fé. Enquanto não agimos no mundo com sabedoria e astúcia, o inimigo (ou Satanás) que age também no nosso viver, agirá contra a união dos povos, contra a união das famílias, se não agirmos politicamente como Deus quer, o inimigo de Deus fará a sua política, ou seja, nossas famílias se esfacelarão. Só nos resta uma escolha: Dar a Cezar o é de Cezar; ou a Deus o que é de Deus. A Cezar é o poder do medo que domina por opressão - e a Deus é o poder do amor que se dispõe a amar. Quem domina, castiga para dominar através do medo - e quem ama, é solidário, humilde, perdoa e ama por perceber que não é nada e que o nada, com Deus é tudo e só por amor pode continuar vivo.
Que Deus nos ajude a agirmos com sabedoria em meio a tantas pessoas que cobram nossa posição de discípulos e discipuladores do Rei da paz, Jesus Cristo, que foi isento de lado porque Ele é o todo, o lado justo e que nos aponta o melhor caminho. Ele é o parâmetro, a força, a sabedoria, a grandeza, o poder, a honra, a vitória e a majestade. Porque Dele é tudo quanto existe, Dele é o Universo. Esse é nosso Deus a quem devemos dedicar nossas vidas - “a Deus o que é de Deus”.
Amém.