Almoço Comunitário

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Felicidade: é o que acontece quando compartilhamos nossas vidas.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Sermão 26/02/2012 - 1º Domingo da Quaresma - Ano B

Estamos hoje no 1º domingo da quaresma, tempo especial para refletirmos sobre fé. Estamos no início da QUARESMA e este é o grande retiro espiritual dos cristãos em preparação para a Páscoa. É o coração da fé cristã. É a oportunidade para vivenciarmos uma experiência mais forte com Deus... As Leituras bíblicas sublinham dois aspectos dessa realidade: Estarmos fisicamente com um grupo cristão ou vivenciarmos a fé em Deus através de um grupo cristão. A 1a Leitura nos apresenta a aliança entre Deus e Noé. Através do dilúvio, que durou 40 dias e 40 noites, Deus purificou a humanidade corrompida. Na linguagem mística da Bíblia, o Dilúvio representa o grande batismo de toda a humanidade, que renasceu das águas para estabelecer uma nova Aliança. E o arco-íris é o símbolo que o povo encontrou pra representar o sinal dessa Aliança. Na 2a Leitura, São Pedro nos lembra que, diante dos sofrimentos, o modelo de sofrimento sempre é a morte de Jesus pela qual recebemos a salvação. No tempo de Noé um pequeno grupo foi salvo enquanto que a maioria morreu. No tempo de Jesus com a morte do único justo, aqueles também tiveram a oportunidade de estar diante da justiça divina e também foram purificados. No nosso tempo, os batizados testemunham para os não batizados na tentativa de que estes se convertam e se purifiquem através do testemunho santo dos santos como na imagem das águas purificadoras do Batismo. O Evangelho nos fala do texto como se fosse a Quaresma de Jesus no Deserto. Um período de tentação no deserto que nos mostra um ensinamento para a vida inteira. "O deserto", na linguagem bíblica, é o lugar do encontro das pessoas com Deus. Foi no deserto que o Povo experimentou o amor e a boa vontade de Deus e foi no deserto que Deus propôs a Israel a Aliança. Mas o deserto também foi o lugar da "prova" de fogo de Jesus e do povo de Deus. No deserto Israel sentiu, várias vezes, a tentação de escolher caminhos contrários aos propostos por Deus… Me parece que, para Jesus, o "deserto", além de ser o "lugar" do encontro com Deus, também é o lugar do discernimento dos planos de Deus. E é o "lugar" da prova, enfrentando a tentação de abandonar Deus e de seguir o próprio caminho. "Quarenta dias" é um número simbólico, que lembra esta caminhada do Povo no deserto e a experiência de Moisés e Elias. "Satanás" é a representação individualizada daqueles que se opõem aos ideais de Deus. "As tentações" simbolizam as provações que Jesus teve de enfrentar ao longo de sua vida pra se manter fiel à missão confiada a Ele por Deus. Jesus confrontou-se com caminhos, com propostas de vida: fidelidade aos ideais de Deus; ou ideais pessoais, ou percorrendo o caminho do poder, que leva a violência, ao autoritarismo. Se prestarmos atenção, a vida de Jesus é uma luta constante de superação até a vitória definitiva na cruz, através da Ressurreição. Ele escolheu viver na obediência aos ideais do Pai que propõe um mundo melhor, mais solidário. Após ser Batizado e ter superado as tentações no DESERTO, naquele clima de oração e penitência, Jesus inicia o seu trabalho apostólico, anunciando a conversão porque "O Reino já chegou..." nada há mais para esperar. Podemos resumir o espírito da Quaresma que estamos iniciando, com este pensamento. No deserto da vida, todos somos continuamente tentados contra os ideais de Deus e neste sentido também somos convidados à conversão e a crer no evangelho. Então, o que é a Quaresma? Será um período que arranca o pecado do coração do ser humano? Ou é um período que buscamos os sinais de Deus em nossas vidas na construção do caminho da Salvação? QUARESMA é CONVERÇÃO e FÉ: "Converter-se" é muito mais que sermos penitentes ou nos privarmos de alguma coisa. A conversão acontece quando fazemos com que Deus seja o centro de nossa existência e ocupe sempre o primeiro lugar em tudo o que fizermos. E "ter fé" não é apenas aceitar um conjunto de verdades intelectuais. Mas é participar dos ideais cristãos, escutar as propostas de Jesus, acolhê-las no coração e fazer delas, o centro de nossas vidas. Como é meu compromisso com Jesus Cristo? Lembro das promessas que foram feitas no batismo que confirmei diante do Bispo? Concretamente, qual tem sido o meu gesto? - O que pretendo fazer nesse tempo de Quaresma? - Planejei concretamente alguma coisa? - Quais meus momentos de Oração... de Deserto durante esta quaresma? - Este ano temos a escolha de um dos pastores pra ser pastor dos pastores, bispo! Qual tem sido minha atitude de oração diante dessa realidade? - Essa escolha deve levar essa parte da igreja a dar um testemunho positivo ou negativo, qual minha contribuição de fé neste aspecto? Só através desse tempo consagrado a Deus é que a Páscoa vai acontecer nas nossas vidas... Vamos aproveitar mais essa quaresma para fazer uma avaliação da nossa caminhada na fé e ver como melhorar nosso testemunho. Que Deus nos abençoe e nos ajude a viver esse tempo de quaresma em fervoroso contato com Ele de forma que, através de nossas palavras e ações, outros sejam motivados a seguir este mesmo caminho onde a justiça e a solidariedade sejam um sinal de vida em meio a tanto sinal de morte. Amém.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Sermão 3º Domingo depois da Epifania - Pescadores de Homens

Sermão 22/01/12 3º Dom. Depois da Epifania Jn 3.1-5.10; Sl 63.1-8; 1ª Cor 7.29-31; Mc 1.14-20 Pescadores de homens Nos textos bíblicos para hoje continua o tema do Chamado. A resposta das pessoas passa pelo caminho da conversão e pela identificação com Jesus. Na 1ª Leitura, encontramos o envio de Jonas a falar aos habitantes de Nínive. A disponibilidade dos ninivitas em escutar os apelos de Deus e em percorrer o caminho de conversão. Na 2ª Leitura, São Paulo convida os cristãos a se conscientizarem de que as realidades e valores deste mundo são passageiros. Fala do convite de Deus a darmos prioridade aos Seus valores, à conversão aos valores ensinados pelos seus enviados. Encontramos no Evangelho, Jesus convidando os primeiros discípulos a lhe seguirem. O seu chamado é muito forte: "O tempo já se completou… o Reino de Deus está próximo". Então, esta expressão “Reino de Deus” resume a esperança daquele povo num mundo novo de Paz e de abundância preparado por Deus. Era um fato esperado há muito tempo. Jesus está afirmando que este tempo da espera já acabou. O Reino de Deus já chegou, ele já está presente, as promessas estão se realizando. E para que isso aconteça temos duas Condições: a 1ª é necessário que haja conversão… e a 2ª é necessário acreditar no evangelho... Mas é necessário entendermos que, para que aconteça a conversão, a mudança deve acontecer de dentro pra fora, ou seja, mudar a mente e o coração, reformular os valores de vida, para que Deus ocupe sempre o primeiro lugar em nossa vida e não seja colocado em segundo plano. Conversão é rever e remover tudo aquilo que, no nosso coração, nos afasta de Deus e das pessoas… e para que isso aconteça é necessário entender que a conversão não é apenas para os outros ela deve acontecer dentro do cristão sempre. E crer no evangelho não quer dizer apenas que devemos “conhecer” o que está escrito na Bíblia, conhecer é viver o que se sabe. E nós, vivemos de fato este espírito do Evangelho? Amar a Deus sobre todas as coisas, colocar Deus em 1º lugar na vida, e amar ao próximo como amo a mim mesmo, ou seja, fazer aos outros aquilo que quero que façam pra mim, é esta a minha atitude? Deus está nos Convidando para continuarmos e completarmos esse trabalho. Cristo convida os primeiros quatro apóstolos e continua, hoje, nos convidando, quando Ele diz: "Vem comigo… farei de vocês PESCADORES DE HOMENS". Ele escolheu pessoas pobres, desconhecidas, aparentemente grosseiras… Pareceria mais lógico que a escolha recaísse sobre os sacerdotes, os fariseus e escribas de sua época, que eram profundos conhecedores das escrituras. Mas, não foi isso que aconteceu. A escolha foi outra! Por que? Mais uma vez Deus provou que a grandeza das coisas não aparece na imponência dos fatos ou das pessoas, mas na humildade, na simplicidade, onde geralmente existe mais solidariedade e fé, mais disposição e desprendimento… O verdadeiro modelo de toda vocação cristã é apresentado por Jesus e é sempre uma iniciativa Dele dirigida a pessoas "normais". Não acontece enquanto estão rezando ou fazendo algo de extraordinário, mas enquanto estão simplesmente exercendo a sua profissão. É uma iniciativa radical e incondicional: exige que o "Reino" se torne o valor fundamental, a prioridade, o principal objetivo do discípulo. É um chamamento para aderir à Sua pessoa, para fazer com Ele uma experiência de vida, para aprender com Ele a ser uma pessoa nova que vive em amor a Deus e aos irmãos. Exige uma resposta imediata, total e incondicional, que deve se sobrepor a todo o resto no seu seguimento. O chamamento para integrar a comunidade do "Reino" não é algo reservado a um grupo especial de pessoas, com uma missão especial no mundo e na Igreja; mas é algo que Deus dirige a todas as pessoas. Todos os batizados são chamados a ser discípulos de Jesus, a "converter-se", a "acreditar no Evangelho", a seguir Jesus nesse caminho de amor e de dom da vida. Ele continua dirigindo, ainda HOJE, o mesmo apelo: "Venha após mim que Eu farei de vocês pescadores de homens...” Se tivermos medo, se nos sentirmos incapazes para tanto, olhemos esses pescadores da galiléia… pobres e ignorantes, mas com uma generosidade sem limites… Largaram tudo e seguiram a Jesus… A nós também, ele continua exigindo as mesmas condições, para poder segui-lo. Renovemos a nossa fé para compreendermos a grandeza desse convite e assim teremos a generosidade necessária para também nós o seguirmos… Amém.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Sermão - 2° Dom depois Natal - Ano B

Leituras - Eclo 3.3-7,14-17; Sl 84.1-8; Cl 3.12-17; Lc 2.41-52. - Revestir-se com o amor de Cristo - Ao começar um novo ano desejamos uns ao outros Paz, Saúde, Amor e felicidade... A Palavra de Deus nos mostra o que fazer para que esse desejo se torne realidade. Para que a paz de Cristo reine em nossos corações, precisamos nos vestir de sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Precisamos aprender a perdoar e nos revestir, acima de tudo, com o amor que é o laço que nos une a Deus e assim, "a paz de Cristo" estará em nossos corações. Mas a paz não é ausência de conflitos, de divergências. A paz acontece quando aprendemos a resolver conflitos de forma pacifica, agindo com sabedoria. Se nos revestirmos do amor de Deus, a paz será construída; as relações irão se tornando cada vez mais solidárias e amorosas. Na realidade, a paz depende de como somos formados na nossa família. E a família está em profunda transformação. Diversos fatores influem nesta transformação. A sociedade se transformou em sociedade industrial e urbana, de maneira que a ocupação das pessoas se tornou diversificada. A estrutura atual da sociedade exige que a maioria das pessoas trabalhe ou busque alguma ocupação na sociedade. Os meios de comunicação contribuem fortemente para que a família esteja diferente daquela apresentada como modelo pela Bíblia. A propagação dos valores transitórios relativizam os valores estáveis de fidelidade, de doação de um ao outro no amor, no respeito! É interessante perguntar pelas causas desta realidade. Sem dúvida, a família está inserida numa estrutura mais global, onde a economia e a educação estão a serviço dos interesses de grupos e indivíduos privilegiados. Por isso não se pode falar da família como se tratando da família dos outros. È a nossa própria família que está envolvida. Todos somos atingidos. Algumas famílias ainda são testemunhas dos autênticos valores familiares. Mas mesmo estas estão sendo atingidas pelas mudanças da sociedade atual e passam por grandes dificuldades para conservarem estes valores. Jesus nasceu em uma família como quase todos nós. Não foi exceção. Foi apresentado no Templo como todo filho primogênito do seu tempo, oferecendo um sacrifício. O sacrifício oferecido é uma espécie de resgate, como o nosso batismo. Muitas famílias pensam que educam seus filhos para si mesmas. Quando a gente pensa um pouco mais profundamente, entende que os filhos são entregues por Deus à famílias para serem educados para viverem neste mundo que divide a família. Precisamos entender que cada pessoa tem a sua própria missão. A missão dos filhos não é a dos pais. Por isso, respeitar a família e honrar pai e mãe não significa ser submisso a eles durante toda a vida. Ajudar quando da velhice dos pais não quer dizer renunciar à sua própria missão, mas acolher os pais em suas necessidades. Jesus, é o filho protótipo de uma família, mas também é a «luz das nações». Dessa forma Ele é anunciado e assim Ele vive sua vida. Ele é o Salvador de todas as pessoas e de todas as famílias. Assumindo esta realidade, redime também esta dimensão humana. Toda a família é um lugar onde Deus se faz presente. Assim como Ele assumiu sua família em Nazaré, também assumiu todas as nossas famílias. Crer em Jesus de Nazaré é se deixar atingir pelo convívio familiar com a sua presença. Cada um assume sua própria missão, animando-se uns aos outros na fidelidade a Deus. Esta fidelidade se manifesta na imensa dedicação de um para com o outro. Ninguém é isolado na família que se deixa envolver pela fé em Jesus Cristo. Hoje, muitas vezes, as famílias querem se fechar em si mesmas como defesa aos vários problemas que a ameaçam. Na verdade, também, a família como tal, tem uma missão a cumprir. Ela precisa se abrir, assumir seus problemas, e ser efetivamente um sinal dos verdadeiros valores ensinados por Cristo. Ao analisar os problemas da família atual e refletindo sobre Jesus presente em sua família e assumindo todas as famílias, nenhum cristão pode ficar passivo diante do desmantelamento da família como primeiro local de formação e convívio social. Somos chamados a um posicionamento real diante dessa questão. Pensemos um pouco na importância da educação do amor dos cônjuges. Quando a propaganda divulga apenas o prazer, os casais precisam encontrar no seu próprio seio a força para educar o valor da entrega mútua e da fidelidade. Os apelos de «libertação» desordenada feitos aos jovens exigem uma reflexão mais profunda sobre a verdadeira liberdade e um exercício efetivo desta liberdade no convívio familiar. Assim, a família, que gera e sustenta a vida, está chamada a defender todas as dimensões da vida diante das questões que a ameaçam. São Lucas nos apresenta a família de Jesus cumprindo os seus deveres religiosos. O menino os perturba permanecendo por sua conta na cidade de Jerusalém e após três dias o encontram. Temos aqui um diálogo difícil, parece um desencontro; começa com uma censura: "por que você fez isso conosco?". A pergunta dos pais surge da angústia que sentiram. A resposta de Jesus causa surpresa: "por que me procuravam?" "não sabem que eu devo estar na casa do meu Pai?". Isto nos mostra que José e Maria estavam aprendendo, por isso "não compreenderam". A fé, a confiança supõe sempre um caminho. Enquanto isso, crentes, Maria e José amadurecem sua fé em meio a perplexidades, angústias e alegrias. As coisas irão se tornar gradativamente mais claras. Eles vão descobrindo aos poucos o sentido da missão de Jesus. Esta lição nos mostra que a proximidade a Jesus não livra ninguém do difícil processo na compreensão da vontade de Deus. Seus pais são os primeiros evangelizados. Eles deveriam também reconhecer os sinais. Na medida em que Jesus cresce, vai transparecendo a sabedoria e a graça divina presentes n’Ele. O mais Importante não é o desenvolvimento da inteligência, mas da «graça», ou seja, da bondade e lealdade que une Deus e o ser humano, a faísca do Criador na criatura, que faz com que o contato com uma pessoa «cheia de graça» se transforme numa manifestação do próprio Deus. Jesus crescia partilhando com as pessoas a sabedoria divina e transformando-a em manifestação do carinho de Deus para com o ser humano. Isso nos mostra que nós, seguidores de Cristo, devemos crescer acima de tudo em sabedoria e graça, diante de Deus e diante das pessoas. Não devemos nos condenar por não saber reconhecer os sinais na nossa família mas pedir que Deus nos dê sabedoria para reconhecê-los. Que Deus nos ajude a viver este novo ano revestidos do seu amor, desenvolvendo a cada dia os sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão, paciência e promovendo assim a Paz tão desejada em nossa família de sangue e de fé. Que cada um faça a sua parte para viver em paz, cultivando a saúde e a felicidade, transparecendo a graça de Deus para as outras pessoas através de sua família, assim como Jesus o fez. Amém.