Sermões

Próprio 5 - Ano C - 2010
Leituras Bíblicas: 1º Rs 17.17-24; Gl 1.11-19(24); Lc 7.11-17

Título: Senhor da Vida
   As leituras de hoje mostram que Deus é o Senhor da vida. Ele se comunica com seu povo promovendo a libertação das culpas e, conseqüentemente do sofrimento. Vemos exatamente esta libertação na figura das duas viúvas, que perderam seus filhos e foram consoladas por Deus, através de seus enviados.
Na 1ª Leitura, temos a Viúva de Sarepta: O Profeta Elias em Sarepta recebe hospedagem na casa de uma viúva. O filho dessa mulher adoece gravemente e morre. Ela se sente duplamente angustiada: pela perda do filho e por se considerar culpada da morte. Elias toma o menino nos braços, leva-o para o andar superior, onde implora a Deus que lhe restitui novamente a vida. Em seguida, desce e o devolve com vida à sua mãe. Esta é a primeira ressurreição encontrada na Bíblia.
Diante da morte, o Profeta Elias e a mulher têm atitudes diferentes: Ela perde a esperança, sente-se derrotada e procura um culpado. O profeta, ao contrário, acredita no Deus da vida, que não nos abandona ao poder da morte.
Diante de uma morte inexplicável, ou de uma desgraça, ainda hoje, muitos falam de "castigos de Deus" e acham que Deus manda doenças para punir os pecados. Outros recorrem a adivinhos para descobrir o culpado. Quem se comporta assim não tem fé no Deus da Vida. Deus é bom e quer a vida e a felicidade de todas as pessoas.
Na 2ª Leitura, São Paulo se defende de acusações recebidas. O Evangelho, que está anunciando, ele não aprendeu de outras pessoas, mas é fruto de experiência recebida por revelação do próprio Cristo.
No Evangelho, temos a Viúva de Naim. Lucas descreve um grande acontecimento humano: o encontro da Morte e da Vida. Dois cortejos se aproximam pelos caminhos de Naim. Um é formado por Jesus e seus discípulos. O outro formado por uma mãe viúva e seus amigos, que levavam um corpo para a sepultura. Um é precedido por Jesus, o ressuscitado, o vencedor da morte. O outro é precedido por um cadáver. Um representa a comunidade cristã cheia de alegria junto ao seu "Senhor" que a conduz à vida. O outro é símbolo da humanidade que ainda não encontrou o Cristo mas está a caminho da percepção e vê a morte como uma derrota irreversível. Os dois cortejos se encontram: O "Senhor" se compadece da dor e das lágrimas da mãe viúva (que representa toda a humanidade abatida e desesperada), interrompe a caminhada e diz para a Mãe: "não chores mais". Também diz para o Filho: "Levanta-te."O que Ele faz é sinal da presença de Deus: O pranto torna-se um canto de alegria, os dois grupos se unem num único brado de entusiasmo, todos glorificam ao Senhor, exclamando: "Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo". A grande novidade não foi adiar a morte por alguns anos, mas o que o fato revela: a morte foi vencida... Jesus é o Senhor da vida. Ele não nos abandona às garras da morte, mas ressuscita quem tem fé para que viva para sempre.
Esta cena se repete diariamente, há grandes cortejos cheios de sinais de morte que andam e movimentam a sociedade, mas não têm vida: é o cortejo dos desempregados, dos drogados, dos analfabetos, dos sem-teto, dos terroristas, dos enfermos, dos portadores de qualquer deficiência física ou mental... Cortejo que temos todos os dias em nossa vida e não nos damos conta. Ao encontro dele pode e deve ir outro cortejo, formado por nós que somos pessoas cheias de esperança que acompanham o Cristo, pessoas comprometidas em contrapor à morte com a vida.
Mas afinal, em qual cortejo estamos?
Qual é a resposta que damos aos que caminham no cortejo da morte? Concordamos com eles ou apresentamos a esperança no Salvador como solução a esta questão?
Jesus não ficou indiferente diante do sofrimento humano. Fez algo para aliviar. Como seguidores de Cristo, devemos ir ao encontro dos que sofrem. Se não podemos eliminar o sofrimento, podemos ao menos ser solidários. A nossa presença é sempre uma forma solidária de ajudar quem passa por dificuldades... Diante do milagre, as pessoas exclamaram: "Um grande profeta surgiu em nosso meio e Deus visitou o seu povo".
Mas será que Ele pode contar conosco enquanto estou bem ou somente quando sentir a morte de perto? Amém.