Almoço Comunitário

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Felicidade: é o que acontece quando compartilhamos nossas vidas.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Sermão - 2° Dom depois Natal - Ano B

Leituras - Eclo 3.3-7,14-17; Sl 84.1-8; Cl 3.12-17; Lc 2.41-52. - Revestir-se com o amor de Cristo - Ao começar um novo ano desejamos uns ao outros Paz, Saúde, Amor e felicidade... A Palavra de Deus nos mostra o que fazer para que esse desejo se torne realidade. Para que a paz de Cristo reine em nossos corações, precisamos nos vestir de sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Precisamos aprender a perdoar e nos revestir, acima de tudo, com o amor que é o laço que nos une a Deus e assim, "a paz de Cristo" estará em nossos corações. Mas a paz não é ausência de conflitos, de divergências. A paz acontece quando aprendemos a resolver conflitos de forma pacifica, agindo com sabedoria. Se nos revestirmos do amor de Deus, a paz será construída; as relações irão se tornando cada vez mais solidárias e amorosas. Na realidade, a paz depende de como somos formados na nossa família. E a família está em profunda transformação. Diversos fatores influem nesta transformação. A sociedade se transformou em sociedade industrial e urbana, de maneira que a ocupação das pessoas se tornou diversificada. A estrutura atual da sociedade exige que a maioria das pessoas trabalhe ou busque alguma ocupação na sociedade. Os meios de comunicação contribuem fortemente para que a família esteja diferente daquela apresentada como modelo pela Bíblia. A propagação dos valores transitórios relativizam os valores estáveis de fidelidade, de doação de um ao outro no amor, no respeito! É interessante perguntar pelas causas desta realidade. Sem dúvida, a família está inserida numa estrutura mais global, onde a economia e a educação estão a serviço dos interesses de grupos e indivíduos privilegiados. Por isso não se pode falar da família como se tratando da família dos outros. È a nossa própria família que está envolvida. Todos somos atingidos. Algumas famílias ainda são testemunhas dos autênticos valores familiares. Mas mesmo estas estão sendo atingidas pelas mudanças da sociedade atual e passam por grandes dificuldades para conservarem estes valores. Jesus nasceu em uma família como quase todos nós. Não foi exceção. Foi apresentado no Templo como todo filho primogênito do seu tempo, oferecendo um sacrifício. O sacrifício oferecido é uma espécie de resgate, como o nosso batismo. Muitas famílias pensam que educam seus filhos para si mesmas. Quando a gente pensa um pouco mais profundamente, entende que os filhos são entregues por Deus à famílias para serem educados para viverem neste mundo que divide a família. Precisamos entender que cada pessoa tem a sua própria missão. A missão dos filhos não é a dos pais. Por isso, respeitar a família e honrar pai e mãe não significa ser submisso a eles durante toda a vida. Ajudar quando da velhice dos pais não quer dizer renunciar à sua própria missão, mas acolher os pais em suas necessidades. Jesus, é o filho protótipo de uma família, mas também é a «luz das nações». Dessa forma Ele é anunciado e assim Ele vive sua vida. Ele é o Salvador de todas as pessoas e de todas as famílias. Assumindo esta realidade, redime também esta dimensão humana. Toda a família é um lugar onde Deus se faz presente. Assim como Ele assumiu sua família em Nazaré, também assumiu todas as nossas famílias. Crer em Jesus de Nazaré é se deixar atingir pelo convívio familiar com a sua presença. Cada um assume sua própria missão, animando-se uns aos outros na fidelidade a Deus. Esta fidelidade se manifesta na imensa dedicação de um para com o outro. Ninguém é isolado na família que se deixa envolver pela fé em Jesus Cristo. Hoje, muitas vezes, as famílias querem se fechar em si mesmas como defesa aos vários problemas que a ameaçam. Na verdade, também, a família como tal, tem uma missão a cumprir. Ela precisa se abrir, assumir seus problemas, e ser efetivamente um sinal dos verdadeiros valores ensinados por Cristo. Ao analisar os problemas da família atual e refletindo sobre Jesus presente em sua família e assumindo todas as famílias, nenhum cristão pode ficar passivo diante do desmantelamento da família como primeiro local de formação e convívio social. Somos chamados a um posicionamento real diante dessa questão. Pensemos um pouco na importância da educação do amor dos cônjuges. Quando a propaganda divulga apenas o prazer, os casais precisam encontrar no seu próprio seio a força para educar o valor da entrega mútua e da fidelidade. Os apelos de «libertação» desordenada feitos aos jovens exigem uma reflexão mais profunda sobre a verdadeira liberdade e um exercício efetivo desta liberdade no convívio familiar. Assim, a família, que gera e sustenta a vida, está chamada a defender todas as dimensões da vida diante das questões que a ameaçam. São Lucas nos apresenta a família de Jesus cumprindo os seus deveres religiosos. O menino os perturba permanecendo por sua conta na cidade de Jerusalém e após três dias o encontram. Temos aqui um diálogo difícil, parece um desencontro; começa com uma censura: "por que você fez isso conosco?". A pergunta dos pais surge da angústia que sentiram. A resposta de Jesus causa surpresa: "por que me procuravam?" "não sabem que eu devo estar na casa do meu Pai?". Isto nos mostra que José e Maria estavam aprendendo, por isso "não compreenderam". A fé, a confiança supõe sempre um caminho. Enquanto isso, crentes, Maria e José amadurecem sua fé em meio a perplexidades, angústias e alegrias. As coisas irão se tornar gradativamente mais claras. Eles vão descobrindo aos poucos o sentido da missão de Jesus. Esta lição nos mostra que a proximidade a Jesus não livra ninguém do difícil processo na compreensão da vontade de Deus. Seus pais são os primeiros evangelizados. Eles deveriam também reconhecer os sinais. Na medida em que Jesus cresce, vai transparecendo a sabedoria e a graça divina presentes n’Ele. O mais Importante não é o desenvolvimento da inteligência, mas da «graça», ou seja, da bondade e lealdade que une Deus e o ser humano, a faísca do Criador na criatura, que faz com que o contato com uma pessoa «cheia de graça» se transforme numa manifestação do próprio Deus. Jesus crescia partilhando com as pessoas a sabedoria divina e transformando-a em manifestação do carinho de Deus para com o ser humano. Isso nos mostra que nós, seguidores de Cristo, devemos crescer acima de tudo em sabedoria e graça, diante de Deus e diante das pessoas. Não devemos nos condenar por não saber reconhecer os sinais na nossa família mas pedir que Deus nos dê sabedoria para reconhecê-los. Que Deus nos ajude a viver este novo ano revestidos do seu amor, desenvolvendo a cada dia os sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão, paciência e promovendo assim a Paz tão desejada em nossa família de sangue e de fé. Que cada um faça a sua parte para viver em paz, cultivando a saúde e a felicidade, transparecendo a graça de Deus para as outras pessoas através de sua família, assim como Jesus o fez. Amém.

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